terça-feira, 2 de junho de 2015

Entrevista: Riviane Medino

Nossa segunda entrevista foi feita com a professora Riviane Medino Rocha, formada em Letras Português/Francês na Unesp-Assis e mestre em Literatura e Crítica Literária pela PUC-SP. Ela gentilmente se dispôs a responder nosso questionário, falando sobre como abordou o tema com seus alunos do CEL, a maioria ainda em idade escolar, e também opinou sobre os assuntos que englobam as questões da liberdade do jornal.

Blog: Como professora de francês, você percebeu alguma reação dos seus alunos ao atentado contra o jornal Charlie Hebdo? Se sim, como foi essa reação?


Riviane: O atentado foi em Janeiro  período em que os alunos estavam em férias  e o afã da notícia já havia esfriado um pouco em fevereiro – mês que dá iniciou ao ano letivo  por isso os alunos não fizeram comentários. Todavia, eu pus o atentado de Charlie Hebdo em discussão, pois eles sabiam da notícia, só não recordavam mais.


Blog: Você chegou a comentar esse assunto em sala de aula? Como foi?


Riviane: Eu fiz uma primeira provocação a respeito do que é, ou não, liberdade de expressão. E esse questionamento foi o estopim de um grande debate que perpetuou até o final da aula, pois vieram outras observações a respeito da imigração, o porquê dela, o Islã, o ódio... Todavia, teve perguntas em sala que eu achei muito interessantes, pois algumas opiniões foram colocadas “em xeque”, como por exemplo, se julgamento do atentado foi certo ou errado, que fez com que os alunos, instintivamente, levassem em consideração a concepção do Islã no mundo Ocidental ou no Oriental. Depois, fomos parar no sentido da Morte para o Cristianismo e para o Islamismo. Entre tantos aspectos que abordamos, os que mais me impactaram foram estes citados. No final da aula, percebemos que não chegamos a respostas concretas e certezas. No que se refere à ação do atentado, independente de qualquer fator motivador, todos nós fomos contra, ou seja, o atentado pode ser entendido, ao levarmos em consideração o mundo e a religião árabe, porém não pode ser justificado.


Blog: Na sua opinião, que outras discussões poderiam ser trazidas pelo atentado além das voltadas para a liberdade de expressão?


Riviane: Pergunta interessante! Sou professora de Letras, mas sou diferente da maioria de meus colegas, pois gosto de comprar revistas de sociologia e filosofia. Em minhas aula sempre provoco e fomento discussões a respeito de temas que façam os alunos raciocinarem e saírem do senso comum, porém deixo bem claro que fazemos isso não para impormos nossas ideias, mas para compreendermos o pensamento alheio. Nesses casos, sempre dou ênfase de que façamos uso da liberdade de expressão que temos desde que o façamos com respeito. Às vezes, os próprios alunos me provocam porque eles sabem que tenho um “ar” questionador. (risos)

Blog: Você acha que a tensão criada entre árabes e franceses no começo do ano já diminuiu? Você vê uma razão para isso?


Riviane: Em primeiro lugar – não; em segundo lugar, devemos pensar de que árabe estamos falando. Logo, gostaria de dizer que há dois problemas distintos – a imigração dos árabes e a questão do islã na França. O atentado do Charlie Hebdo foi uma consequência de uma visão religiosa distorcia, doentia e fanática – na visão Ocidental.
A respeito da liberdade de imprensa, penso que o jornal, infelizmente, não soube utilizar a liberdade de expressão que ele mesmo defendia. O jornal Charlie Hebdo por muito tempo se dispôs a produzir charges preconceituosas e agressivas às várias religiões, principalmente, ao Cristianismo, ao Judaísmo e ao Islamismos. Por isso, não vou usar o termo “islamofobia” como muitos críticos tem se utilizado. Acho patético, dizermos que o jornal Charlie Hebdo era islamofóbico, pois seria o mesmo que dizer que só os muçulmanos foram ofendidos e que só eles sofreram e sofrem perseguições religiosas. Então, o que dizer dos cristãos árabes assassinados aos montes pelo ISIS na Síria e dos cristãos assassinados em outros país?
Eu amo charges e sátiras, acompanhei algumas do Charlie Hebdo e fiquei chocada. O humor é um gênero literário perigoso, caso não saibamos utilizá-lo com moderação. Logo, quando fazemos mau uso desses gêneros ou por ignorância ou por intencionalidade, podemos tornar seu conteúdo ridículo, desprezível ou mesmo preconceituoso.
Por outro lado, temos a questão da imigração árabe que não necessariamente tenha que ser mulçumana. Temos o um conceito errôneo de acharmos que todo o árabe é mulçumano. Isso é ignorância, preconceito e sectarismo. Então, um israelita tem que ser judeu? Um negro tem que ser umbandista? Um americano tem que ser cristão? Infelizmente, existem muitas pessoas acadêmicas que pensam assim. E, isso é muito ruim, pois se formos pensar a fundo, perceberemos que esses pensamentos rasos são as bases do preconceito e do racismo.

Blog: Para você, qual a reflexão de mais importância tirada desse contexto do Charlie Hebdo, não só pela comunidade francesa mas de maneira global?


Riviane: A sociedade francesa é excludente em relação aos imigrantes, principalmente, os de origem árabe muçulmanos ou não. O jornal Charlie Hebdo não foi vítima de jovens árabes muçulmanos e sim de árabes muçulmanos fanáticos. Logo, uma coisa é ser árabe, ou coisa é ser muçulmano e outra coisa é ser fanático; se não soubermos perceber essas nuanças, estaremos cometendo o erro do preconceito racial e religioso. Eu penso muito a respeito dos preconceitos, da liberdade, da democracia e peço aos meus alunos que pensem também, para que eles não cometam erros em seus julgamentos.

segunda-feira, 1 de junho de 2015

A censura nos países islâmicos

Via: MiniLua
Há algumas proibições incomuns em publicidades no mundo muçulmano. Elas são baseadas nas peculiaridades nacionais e religiosas dos países islâmicos. Toda a publicidade, incluindo logotipos que aparecem nos países de língua árabe podem ser forçados a adaptar-se aos valores culturais locais e da língua árabe. Lá animais e alguns símbolos podem ter vários significados, assim como diferentes objetos podem ser interpretados de acordo com as tradições e os costumes islâmicos.
Por exemplo, os cães são considerados "animais imundos", e por isso raramente se pode ver filhotes em anúncios locais. Peixes simbolizam o Cristianismo. Um corvo é um símbolo de morte e um camaleão significa hipocrisia. Além disso, qualquer forma de cruz é considerada uma violação.

Confira alguns exemplos destas adaptações da publicidade nos países islâmicos:

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São proibidas fotos de olhos abertos nas propagandas da maioria dos países asiáticos conservadores


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Qualquer forma de nudez é proibida. Apenas a pele do rosto, mãos e pés podem ser exibidos



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Todas as marcas famosas precisam ser adaptadas para a escrita árabe.

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Créditos nas imagens.


Apresentação de slides

Esse é o nosso esquema para a apresentação do trabalho sobre Religião, Censura e Liberdade de Expressão, realizada na terça-feira, dia 2 de junho, para a aula de Cultura, Comunicação e Mídia do curso de Jornalismo.


domingo, 31 de maio de 2015

Entrevista: Vivian Ferreira

Foto: acervo pessoal
Para entender a repercussão de um fato isolado, é fundamental levar em conta a opinião de outros. Pensando nisso, o blog resolveu entrevistar pessoas que tivessem uma relação mais direta com a cultura francesa, para saber o que pensam à respeito do atentado contra o jornal satírico francês Charlie Hebdo. Uma delas foi Vivian Ferreira, estudante de francês do CEL (Centro de Estudo de Línguas). Além de ter contato com a cultura francesa nas aulas, Vivian foi uma das alunas escolhidas para um programa de intercâmbio pela Secretaria da Educação, tendo visitado a França no final de 2014. Ela deu sua opinião sobre o caso e falou sobre a hipótese de algo desse tipo acontecer no Brasil.

Blog: O que você acha sobre o atentado ocorrido no inicio do ano ao jornal Charlie Hebdo?
Vivian: O atentado ocorreu pouco tempo depois do meu retorno da França ao Brasil, porém em Paris, eu estava em Nice, mas ainda assim fiz questão de acompanhar o que se sucedeu após o atentado por ainda estar muito ligada a França. Em meio aos "je suis Charlie" [eu sou Charlie], eu dizia "je ne suis pas" [eu não sou]. Não defendo de forma alguma qualquer tipo de atentado terrorista, muito menos qualquer tipo de violência. Violência esta que o Charlie Hebdo também praticava, com suas charges que ultrapassavam a crítica para chegar ao desrespeito. Resumindo o atentado em apenas uma palavra, eu diria; choque.

B: Na sua opinião, as charges publicadas pelo jornal eram ofensivas? Por que?
V: Sim. O jornal publicava charges zombando de diversas religiões, deixando de ser crítico para ser desrespeitoso, como por exemplo com a charge que representava Maomé. A primeira lei/regra/mandamento dos muçulmanos é não criar representações de seu Deus. Ou a charge que representava uma cena sexual entre Deus (o Cristão), o Espírito Santo e Jesus Cristo. Se ele tinha a intenção de defender o direito a liberdade de expressão, estava de contradizendo, pois escolher seguir determinada religião também faz parte da liberdade de expressão, e o respeito tem de ser mantido para com todas as partes.

B: O que você sabe sobre a imigração árabe na França? Acha que isso está relacionado com a repercussão do atentado?
V: A França, e a Europa no geral, sofre seriamente com a xenofobia, principalmente contra árabes e africanos, por conta de preconceitos raciais, mas principalmente religiosos.

B: Você se interessa por charges críticas? Acha que é algo fácil de se encontrar no Brasil?
V: Sim, é o único tipo de charge ao qual me interesso, porém só há facilidade em encontrá-las na internet, onde não há censura alguma, afinal, sabemos que os grandes veículos de comunicação são controlados e que há sim certa censura.

B: Você imagina que algo como o caso do Charlie Hebdo poderia acontecer no Brasil? Por que?
V: É uma pergunta difícil de se responder com a objetividade do "sim ou não", porém na minha opinião a resposta pesa mais para o "não". Nós somos o país da diversidade, e temos uma tolerância muito maior com os nossos imigrantes do que os europeus com os seus. Sendo assim, creio que não criaríamos charges tão polêmicas quanto as do Charlie Hebdo, tanto quanto sofreríamos um atentado por conta disso, tendo um pouco de todas as culturas e religiões espalhadas por todo o Brasil.

B: O que você pensa sobre a censura religiosa em geral?
V: Resumindo a censura religiosa em poucas palavras, eu diria retrocesso.

B: Acha que as críticas de modo geral (seja contra a sociedade, o governo ou a alguma crença) fazem parte do direito de liberdade de expressão?
V: Com certeza! Por isso lutamos tanto por uma democracia, para termos o direito de liberdade de expressão. Porém criticar é diferente de desrespeitar, agredir (física ou moralmente).

segunda-feira, 11 de maio de 2015

Extremos por todos os lados


Falar de um assunto tão íntimo como uma crença, uma religião, é algo extremamente difícil. A grande maioria das pessoas critica sem piedade dogmas e crenças contrárias ao seu próprio pensamento, ao passo que quando criticadas, respondem de forma agressiva e intolerante. De fato, é mais fácil criticar ao outro do que a si mesmo.

As charges publicadas semanalmente pelo jornal Charlie Hebdo criticavam avidamente crenças, costumes e assuntos considerados tabus, como a representação de Maomé (que é proibida) do mundo islâmico. Em 2011, uma charge publicada teve grande repercussão no mundo islâmico e os cartunistas do jornal foram violentamente ameaçados. Desde então, criou-se um clima tenso entre grupos extremistas muçulmanos e a equipe do jornal, composto de publicações e ameaças, ameaças e mais publicações. Nenhuma delas foi suficiente para calar o jornal, nem mesmo após o atentado.

Esse ataque ao escritório do Charlie Hebdo levantou questões que vão bem mais além da violência ou dos grupos terroristas existentes, apesar de ter sido considerado a reação mais violenta entre jornalistas e terroristas no mundo ocidental. Nesse cenário, discute-se também sobre os limites do humor. Mas a discussão não deve centrar-se somente nisso.

Em um país como a França onde a minoria muçulmana geralmente não é bem vista e onde muitos mantém o pensamento conservador contra a imigração, o discurso que ridiculariza e ofende essa categoria da população vem a calhar.

As charges críticas feitas pelo jornal foram usadas, mesmo que seu objetivo não fosse esse, como uma poderosa arma de propagação do preconceito e da estigmatização. Em muitas delas, muçulmanos eram retratados constantemente como terroristas de forma genérica.

Frisamos que nossa posição como grupo é totalmente contra ao atentado e aos grupos terroristas pertencentes ao Estado Islâmico. A questão abordada aqui visa informar interesses presentes em todo o episódio de crítica aos muçulmanos até os fatos que culminaram nas 12 mortes, que vão além dos interesses libertários e relacionados aos direitos humanos. Haviam, também, questões relacionadas a imigração árabe.

Um acontecimento trágico como esse atentado deveria levar a grande massa a refletir se vale a pena toda essa crítica extrema. Sempre haverão pessoas religiosas, sempre haverão contrários às crenças alheias. Não só no campo religioso, mas sempre haverão pensamentos divergentes dentro de qualquer área. O extremismo levou Charlie Hebdo a propagar a ideia (talvez inconscientemente, talvez não) de que todos os muçulmanos são terroristas e que o profeta deles é motivo de piada. Também levou o Estado Islâmico a executar 12 cartunistas, que tinham todo direito de discordar e manifestar sua opinião seja em forma escrita ou em desenho. 

segunda-feira, 4 de maio de 2015

Desenrolando a questão da liberdade de expressão no Youtube

Quando um assunto chama a atenção do cenário mundial - como foi o caso do atentado ao Jornal Charlie Hebdo - a internet fica recheada de diversas opiniões, seja em forma de texto ou vídeo. 

Selecionamos alguns vídeos de youtubers que abordam temas polêmicos, para que toda a questão levantada a partir do atentado possa ser entendida de maneira mais fácil.


Rick Sincero é um canal no youtube comandado pelo youtuber Rick Dourado, que declara em seu canal que o fez por ter 'a necessidade de explodir e e jogar seus pensamentos para o mundo'.




Matéria do programa Agenda, da rede televisiva Rede Minas.






Canal do Pirula, que tem como objetivo abordar os temas de ciência, religião e evolução, além de um pouco de humor, já que, segundo a descrição do canal "rir ainda é o melhor remédio".

Quem realmente achava graça nas charges do Charlie Hebdo?


O humor esboçado nas charges do jornal satírico era realmente um humor racista? Com o modo em os cartunistas retratavam os muçulmanos sim, eram sempre ofensivos,  os associando com armas e fazeis, fazendo alusões ao terrorismo. Isso realmente é engraçado? Generalizar um povo, pelo que alguns fizeram, é correto? Nada justifica o massacre que ocorreu no dia 07 de janeiro de 2015, mais isso não poderia ser evitado?

Não havia limite para os cartunistas e jornalista do Charlie Hebdo, eles publicavam o que pensavam sem se importa para o que ás pessoas iriam achar. Com a França tomada por  6,2 milhões de muçulmanos, vindos grande parte de imigrantes das ex-colônias francesas, sua grande maioria era considerado como “segunda classe’’ sem poder aquisitivo, era sempre motivo de piadas nas publicações semanais do jornal francês

É total importante defender a Liberdade de expressão, porém  é preciso reprimir qualquer tipo de censura imposta,  sendo elas através da mídia, religião  ou política. Claro que não podemos  ‘’deixar que as pessoas armadas determinem qual é o limite da liberdade de expressão’’, mais temos quer ter  consciência e respeito sobre a crença ou a política dos individuo.

Alguns  paises do mundo em principal o Brasil é um pais diversificado, não tem uma religião obrigatória, um partido político obrigatório etc. Imagina se ninguém respeitasse  a escolha alheia iríamos viver constantemente em uma segunda guerra mundial, aprendemos deis do principio que para viver em sociedade devemos que respeita todos seja ele negro, branco de partidos oposto,  com poder aquisitivo ou não , com fé em uma religião ou até mesmo aqueles que não tem fé alguma, mais se sente bem deste modo. O respeito é tudo e serve para todos.